Eles analisam a estrutura organizacional de empresas e associações.
Em um ano em que as deficiências do mercado financeiro ficaram evidentes, após os estragos provocados pela crise financeira internacional, pesquisas que tratam da gestão da economia fora desse ambiente deram o Prêmio Nobel a dois economistas norte-americanos.
Os laureados deste ano com o prêmio Nobel de economia – cujo nome oficial é Prêmio Sveriges Riksbank (o banco central da Suécia) de Ciências Econômicas em Memória a Alfred Nobel – foram anunciados na manhã desta segunda-feira (12). O prêmio será dividido por Elinor Ostrom, da Universidade de Indiana, e Oliver E. Williamson, da Universidade da Califórnia, ambos por suas pesquisas em governança econômica.
Para o economista Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor, a escolha dos laureados é significativa do momento de mudança: “A evolução da economia trouxe mudanças expressivas em certos postulados econômicos. O que no passado era verdade, hoje já não é bem assim. Então, com essa crise também houve mudança estrutural, mostrando que certos conceitos, certas teses desenvolvidas no passado acabam se modificando ao longo do tempo”, avalia.
Arranjos 'alternativos'
Esses arranjos externos ao mercado foram usados pela Real Academia de Ciências da Suécia para justificar a escolha: “As transações econômicas têm lugar não apenas nos mercados, mas também dentro das empresas, associações, casas e agências. A teoria econômica já iluminou abrangentemente as virtudes e limitações dos mercados, mas tradicionalmente prestou menos atenção a outros arranjos institucionais”, apontou a instituição.
Em sua pesquisa, Elinor Ostrom – a primeira mulher a receber um Nobel de economia – aponta evidências das regras e mecanismos que governam a exploração de recursos comuns por associações de usuários. Elinor mostra que essas propriedades são surpreendentemente bem geridas, indo contra o argumento comum de que cada usuário tende a buscar apenas benefícios próprios.
“Elinor Ostrom desafiou a convenção de que propriedades comuns são mal gerenciadas e que devem ser reguladas por autoridades centrais ou privatizadas”, diz a Academia Sueca em nota.
Empresas
Focada nas empresas, a pesquisa de Williamson também extrapola os mercados financeiros. O professor da Universidade da Califórnia foi agraciado por suas análises da governança econômica, especialmente os limites das empresas, explicando por que determinadas decisões econômicas são tomadas dentro das corporações.
“Oliver Williamson argumentou que mercados e organizações hierárquicas, como empresas, representam estruturas alternativas de governança, que diferem em sua abordagem para resolver conflitos de interesse”, justificou a Academia.
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